sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Resenha crítica escolar: parágrafos de crítica

Uma grande dificuldade que muita gente tem quando está produzindo uma resenha crítica escolar é o momento de redigir os parágrafos de crítica. Esses exigem reflexão e amadurecimento de idéias. Além disso, um pouco de leitura de outras resenhas também ajuda bastante na produção. Veja agora alguns exemplos de parágrafos de crítica de resenhas de coletânea de poemas:




Ex: 1
A rima precisa e a ironia ora escrachada, ora sutil de seus versos chamam atenção de imediato de quem se propõe a passear pelos Poemas Escolhidos. Para facilitar a vida dos leitores, Wisnik divide o livro em Poesia de Circunstância: Satírica e Encomiástica (de louvação), Poesia Amorosa Lírica e Erótico-Irônica; e por fim Poesia Religiosa.
A partir dessa divisão fica mais fácil perceber as idiossincrasias da personalidade do “Boca de Brasa”: apesar de escrever poesia erótica, mantinha opiniões conservadoras e preconceituosas em diversos temas, sobretudo a homossexualidade. Mesmo cobrando progresso para a Bahia “madrasta de seus filhos”, mantinha-se preso a exigências de respeito à casta dos bem-nascidos (nobreza da qual fazia parte) e um desprezo pelos brancos da terra – nascidos no Brasil -, negros, índios e mestiços
.(Resenha, livro de poemas de Greório de Matos )


Ex:2



As figuras desconexas e plurais de Manoel de Barros circulam mais uma vez por Menino do Mato. Ao se ler este volume de poesias, a primeira questão que intriga o leitor é compreender de que fonte provém toda a inspiração deste autor. Ele a credita aos seus tempos de meninice, vividos em uma fazenda em Corumbá, no Mato Grosso do Sul. Neste período ele construiu a sua famosa ‘oficina de desregular a natureza’, que continua ativa até hoje. (Resenha do livro de poemas Menino do mato, de Manoel Barros).


Ex: 3



O livro tem como grande tema, a liberdade. Há uma infinidade de céu que atravessa cada poema e uma imersão no azul que funciona como um serenar. E tem ainda a circularidade, como se o vento tivesse nos feito dar a volta ao mundo, para voltar ao mesmo ponto, mas claro, modificado. E nessa brincadeira de desenhar um trajeto (nosso trajeto) na superfície do mundo, os versos vão arredondando nossos conflitos, nossas dores, nossos medos e alisando as nossas arestas, pra que enfim, a poesia nos alcance.
Tem rima? Tem! Um tom de trovinha popular também fica invadindo cada poema do livro! Segundo verso rimando com quarto. Uns poemas com duas estrofes, outros com três, outros sem divisão nenhuma. Tem humor! Como a idéia de se dobrar, ficar pequeno, sumir de vista, ou quem sabe para caber em si mesmo? (
Resenha do livro Cantares para acordar a poesia).


Ex: 4



Em alguns de seus poemas como “Coração de Maria-Fumaça”, “Funerária”, “Caveiras de Abóboras Sorridentes”, “Casa Enferrujada” e “Pedras Apaixonadas”, o poeta discorre sobre um mundo de lembranças vivas, de traquinagens dos tempos de menino, de homem perplexo com as mudanças da modernidade, e, em outras vezes, mostrando que guarda o passado em um pote de mel, ou em uma fotografia mágica.
Já nos poemas “Ausência”, “Canção de Amor”, “Contando Lobos”, “Soneto Chorinho”, “Auroras” e tantos outros, a saudade e a solidão são a tônica, escancarando o coração do poeta que habita o poeta, aquele que teme a dor do amor, o que abomina a luta e as rotinas, e busca na memória - nem sempre vivida - o refúgio para essa ausência de matéria, de personificação do sentimento. Quem sabe o poeta nunca tenha amado, ou ainda espere a encarnação do paraíso?.
No poema “Senhora Solidão” o próprio poeta reconhece a sua insistência, quase desejo: “Senhora Solidão, aceite o abraço deste poeta amigo e de um só tema.”
Mas o mais interessante neste livro de Nathan de Castro, é que ele, lembrando o cineasta Woody Allen, ri de si mesmo e de suas andanças atrapalhadas entre rimas tortas e versos sem razão: “Hoje eu vi um sabiá comendo alpiste na porta de um soneto atrapalhado, e o canto dos pardais na tarde triste, calando este meu verso desbotado”. (
Resenha do livro 1001 noites de soneto e rabiscos de Nathan de Castro).

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