domingo, 3 de junho de 2012

A amazônia abandonada: textos para discussão


Texto 01

 Em 2006, o Incra criou 97 "projetos de desenvolvimento sustentável" (PDS) em Santarém, na região oeste do Pará, um dos Estados da Amazônia, em áreas de floresta primária muito procuradas pelas madeireiras. Os assentamentos ocupam uma área de 2,2 milhões de hectares, e 33,7 mil famílias foram designadas para ocupá-los.
"Todos esses assentamentos foram criados nos três últimos meses do ano passado", diz um funcionário do Incra. "Era o final do primeiro mandato de Lula, de modo que ele tinha de realizar as metas. Foram os políticos que se beneficiaram do sistema PDS".
     Em outubro de 2006, Lula conseguiu a reeleição.
     Além dos políticos, o esquema beneficia os colonos, que recebem terras e vendem os direitos de exploração florestal a grandes madeireiras, as quais ganham acesso a recursos preciosos, e o Incra, que estás perto de atingir as metas estipuladas pelo governo.
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  O Incra está criando assentamentos com tamanha rapidez que não consegue fornecer a infra-estrutura necessária aos colonos. Por isso, a agência improvisa encorajando as associações de moradores a fecharem acordos com madeireiras, que constroem estradas e saneamento em troca dos direitos de exploração florestal nessas áreas.
(***)
     Um assentamento chamado Santa Clara foi criado em outra área já controlada por madeireiras. Francisco das Chagas Dias recebeu terras no local em companhia de 26 outras famílias de colonos depois que foram ordenados pelo Incra a sair de outro assentamento por se recusaram a acatar as ordens da madeireira que dirigia a área. Eles recusaram a transferência para Santa Clara, e estão de novo à espera de assentamento em alguma outra região.


Texto 02


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  Muita gente fala da Amazônia como realmente um território verde, uma conservação de oxigênio para todo o universo. Sem dúvida. Depois os microorganismos, a fauna, a riqueza das ervas, tudo isto é verdade. Mas é importante também para as pessoas que moram na Amazônia, com quem há uma integração entre natureza e vida. Aqui pensamos também nas populações indígenas, que têm conservado a Amazônia, mas que hoje foram também agredidas pela exploração, seja de mineração, seja também de algumas explorações de invasão das áreas dos arrozeiros, por exemplo, na área de Roraima. Tudo isto significa que é preciso um plano global. Tem que se dar o encontro da vida para preservá-la, para desenvolvê-la e para fazer com que a vida da Amazônia também traga benefício para a vida da humanidade.
     A Amazônia é Brasil, mas ela é um Brasil a serviço da humanidade, porque nós sabemos que as grandes florestas do mundo estão concentradas ainda na Amazônia e em certas áreas da África. Daí que é importante conservar. É como uma propriedade onde há um poço artesiano: a água está ali, mas ela vai beneficiar a população envolvente. Assim também toda esta beleza da natureza, toda esta força das florestas, a conservação da ecologia, ela é benéfica para nós, mas é ocasião de serviço para toda a humanidade.
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Dom Luciano Mendes de Almeida

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