quarta-feira, 8 de julho de 2009

UMA QUESTÃO DE LINGUAGEM

Juremir Machado da Silva
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-C ñ podia me descolá um trampo no CP, Ju?
- Não apito nada – respondi, usando uma linguagem que me pareceu estranhamente anacrônica, embora dois minutos antes ainda estivesse fresquinha na minha cabeça e ultrapassado fosse apenas um colega meu que fala “que pequena” toda vez que vê uma gatinha maneira”.
- Sei, Ju, mas vc trampa no CP, ñ trampa?
- Bem, acho que sim. Quer dizer, trampo (fiquei imaginando o mais-que-perfeito do verbo trampar).
- Então pq ñ faz + fprça pra me aju. Qro saí de ksa.
- Não entendi bem. Não podes escrever em português?
- Pô, Ju, já te flei pra naum c tiozinho.
- Tenho as minhas limitações.
- :-)
-Hummm...
- Tô 100%
- Por que não arranja um emprego?
- :-(
-Qual é?
- É isso. Qro um trampo.
- Não é comigo.
- Pq vc naum xegou na hr q eu t flei?
- Pirou?
- C eh um kra irado, Ju, naum vacila.
- Não, não estou irritado nem irado, moça. Só não sei do que tu estás falando. Para mim tudo isso é grego.
- Naum flei q c tava irtdo. Flei q c eh irado.
- Chega dessa conversa fiada.
- Kd teu humor?
- Não tenho.
- Qro c aki cmg.
- Isso não é chinês. É grego. Ou bula de penicilina. Acho que te falta superego ou uma terapia ocupacional.
- Naum saquei. Axo c tb enrldo.
- Qual é a profissão do teu pai?
- Advgdo.
- :-)
- C vai rapdo, kra!!! Irado!!!!!!
- Teu pai não te corrige quando tu usas esse internetês?
- Naum tem como. Ele usa data vênia em @.
- Ah.
- Ele eh mto 100 noção. Axo esse trampo do vlho doidao.
- O velho é doidão?
- O trampo dele.
- Hummm...
- Adoro qd tu eh clro assim.
- Vai procurar a tua turma, fedelha.
- Pior eh o meu avô.
- Ah, bom! O que ele faz?
- Eh desembargador. Que trampo irado! Muito irado!!!!!!
- Tu és filha de advogado, neta de desembargador e pede trampo pra mim. Por que não trampa no Judiciário?
- Kra, agora naum dá +. Depois da súmula vinculante 13, o bixo pgou. Naum tem + mole.

Qro um trampo no CP, Ju.

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