Resenha crítica com utilização de 1ª e 2ª pessoa
A resenha
crítica literária é um tipo de texto que não precisa necessariamente estar
preso a moldes predeterminados (salvo o caso da resenha acadêmica); como
podemos ver em jornais e revistas, a crítica, muitas vezes tem uma estrutura
livre. Porém, dentro desta liberdade, é fundamental que, ao longo do texto, as
ideias estejam bem concatenadas, bem seqüenciadas, tornando o corpo do texto
conciso, claro, objetivo e coerente. Ainda é importante que durante o
desenvolvimento do texto, fique claro para o leitor o conteúdo doa obra
analisada e as criticas feitas. Dentro desse contexto, é possível utilizar 1ª e
2ª pessoas; claro que de forma comedida e sem repetições desnecessárias.
Construções do tipo “na minha opinião”, “acredito que”, “para mim”, de forma
seqüenciada, constituem uma repetição desnecessária do uso da 1ª pessoa. Da
mesma forma que usar verbos no imperativo, seguidos do pronome “você” também é
repetição sem necessidade. Portanto, uma crítica pode ser feira dentro de uma
estrutura menos rígidas; porém não se pode esquecer de manter uma seqüência
lógica e bem agrupada de ideias/críticas.
Crítica
Literária: A Menina que Roubava Livros – Markus Zusak
Desde pequenos aprendemos a
ouvir histórias e estórias. Das mais variadas, sejam elas folclóricas ou
cotidianas. Quando crianças, quantos de nós não sentamos no tapete da casa da
vó para que ela pudesse encher nossas mentes com contos e bobageiras? Quando
crescemos ainda gostamos de ouvir os causos e ainda gostamos de contar causos…
o que não não significa que saibamos contá-los. A habilidade de contar vem a
poucos e poucas. Então, que tal ouvirmos uma história contada pela provável
melhor contadora que existe? Que tal ouvir uma história contada pela Morte?
E é assim que temos o livro de
Markus Zusak, um amontoado de palavras que te seguram como algemas e resistem a
lhe soltar, mesmo quando a leitura acaba. O autor conta sobre Liesel Meminger,
nascida pouco antes da Segunda Guerra Mundial, e que passará por tempos
conturbados durante sua vida. Tudo começa com um trem…
Eu diria em nota pessoal que os
trens estão sempre presentes quando pensamos em guerras passadas na Europa.
Lembramos das cenas dos filmes que vimos, com trens cheios de soldados sendo
levados a campos de batalha. Lembramos dos nazistas levando judeus a campos de
concentração. Lembramos do som da máquina e da neve… sentimos frio. É nesse
clima bucólico em meio ao desespero que começa a história de Liesel. Que há
poucos momentos olhou às pupilas mortas do irmão e às pupilas vazias de
sua mãe.
Zusak, ou a Morte, no caso do
livro, usa o poder das palavras. Lendo “A Menina que Roubava Livros” você
passará a dar mais importância às palavras. Definitivamente. Assim como a
menina, que começa sua vida de ladra ainda muito criança, após o enterro do
irmão, quando o primeiro livro “pede” para que ela o leve. Ela se sente
embriagada pelas palavras, necessitada. Na verdade, na época ela ainda não
sabia ler. Mas mesmo assim, ela sente a cleptomania súbita a invadir, que a faz
retirar aquele livrinho da neve. Que a fez escondê-lo. E que a fez uma amante
de palavras…
A menina está, no momento em
que o irmão falece, sendo levada para uma família de criação na rua Himmel, uma
área pobre na cidade de Molching. Lá ela conhece seus pais adotivos: Hans e
Rosa Hubermann. O homem de olhos de prata e a dona de casa rabugenta. Desde o
início da história a Morte ressalta as cores. E os olhos de prata de Hans
não vão sair de sua mente, caro leitor, não pelo menos antes da primeira semana
após o fim da leitura. Ele possui os olhos de afago que
todos gostaríamos de ter, assim como o coração nobre e sagaz.
Rosa. A dona de casa, senhora
mamãe de criação de Liesel, a gorda de cabelos de vassoura. A arrogante. O
primeiro sentimento que Rosa nos desperta é a raiva. Não há como gostar de
alguém tão prepotente, que fala tanto e que age como uma saumensch (palavra
bem utilizada no livro). Mas aos poucos ela vem ganhando sua admiração. E, após
alguns capítulos, Rosa passa a não ser somente a mais odiada… ela passa a ser
levemente aclamada e de certa forma adorada. Sim, uma saumensch adorada. Quem
mais faria por um “criminoso” o que Rosa fez? Aliás, quem mais faria por um
“criminoso” o que Rosa, Liesel e Hans fizeram?
(***)
“A Menina que Roubava Livros” é
aquele livro que te prende, sim. E é também aquele livro que te faz odiar o
autor, por ser tão cruél. É aquele livro que te faz pensar no quão injusta é a
vida e em como devem ter sido difíceis os tempos de guerra. A menina que
roubava livros, a sacudidora de palavras, a Liesel Meminger. Você se emocionará
com a história dessa menina… Os últimos capítulos vão chegando e seu coração
padece a cada palavra lida. A cada segundo gasto… A história de Liesel é um
conto que merece ser lido. Então, como a frase que é slogan do
livro diz: “quando a Morte conta uma história, você deve parar para ler.” Leia.
Vale o tempo gasto.
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